Padd Solutions

Converted by Falcon Hive

A casa de André era na direção oposta do café, fomos até lá enquanto o sol nascia. No caminho até o café, que fica do outro lado da cidade, tentei segurar na mão dela enquanto dirigia, foi meio desajeitado e não segurei por muito tempo. Era a primeira vez que eu ficava sozinha de verdade com ela, nervosismo não descreve. Até chegarmos onde iríamos tomar café eram quase 8h da manhã. O café só abriria as 8:30. Esperamos no carro porque estava frio lá fora. Eu comecei a sentir sono, encostei a cabeça no volante em alguns momentos, já não sabia mais muito o que falar. Depois descobri que o meu sono fez ela pensar que eu não estaria interessada. Como eu poderia não estar interessada?

Quando o café abriu eu sentei em um sofázinho ao lado dela, ela pediu um café com avelãs, eu não faço a menor ideia do que eu pedi mas, alí ao lado dela, foi o melhor café do mundo. Foi chegando a hora de voltar para casa, levei ela até onde o carro dela estava. Quando chegamos, encostei o carro, desliguei o motor e fiquei lá, estática. Sempre fui meio covarde nessas horas. Eu não lembro se falei o quanto a noite tinha sido gostosa, do quanto tinha gostado da companhia dela. Não lembro se eu fui capaz de fazer coisa alguma. Ainda bem que a Namorada resolveu fazer alguma coisa. Antes de abrir a porta ela se inclinou na minha direção e me beijou. O melhor beijo da minha vida. Não vou nem tentar descrever o que eu senti porque não faria jus. Nos despedimos e ela foi. Eu não conseguia nem pensar direito de tanta euforia.

Dirigi até o final da rua onde sabia que ela não me veria mais e encostei o carro. Não tenho a menor vergonha de admitir publicamente que parei o carro para soltar um berro de alegria, dar uns pulinhos no banco e uns soquinhos no ar. Nunca tinha sentido nada igual. Nessa hora meu celular avisa que tinha recebido uma mensagem: "Desculpa, não resisti".

A resposta? "Foi perfeito!"

- ♀
Esse pode muito bem ter sido o primeiro encontro mais longo da história. 30 de maio foi uma sexta-feira no ano passado, o combinado juntava mais uma vez um bando de amigos meus e um bando dos dela. Iríamos todos nos encontrar para comer sushi depois da aula. Namorada se atrasou (coisa que, mais tarde, eu descobri ser costumeira) e eu fiquei timidamente interagindo com os amigos dela por um bom tempo até ela aparecer e sentar-se ao meu lado. A janta foi bem, todo mundo muito engraçado e colorido. Quando ninguém mais aguentava comer, transferimos o encontro de amigos para outro lugar lá perto. Com o tempo fomos perdendo soldados a medida que as pessoas iam indo embora.

Devia ser entre 2:00 ou 3:00 quando todo mundo resolveu ir embora mas eu não queria ir ainda, não queria de jeito nenhum ir ainda. Na rua todo mundo se despediu, deixei que os demais amigos se encaminhassem para seus carros e falei a coisa mais idiota do mundo para convencer ela a ficar mais um pouco comigo. Lembrei que numa das conversas no msn enquanto eu estava fora falamos de música e eu tinha comentado que para analisar meu gosto musical ela precisaria ver a lista de bandas do meu iPod. Estava com o iPod no carro e usei isso mesmo, convidei ela para ir até lá fazer a tal análise das músicas. Não sei como isso funcionou, mas funcionou. Só tinha um porém, um amigo meu estava de carona comigo, vamos chama-lo de André. André queria logo que Namorada e eu casássemos e tivéssemos uma penca de filhos então ele aguentou o calvário de ficar no banco de trás do carro ouvindo musiquinhas e participando esporadicamente da conversa por horas. Se um dia nós casarmos mesmo, ele será o padrinho. Mereceu pela paciência.

A conversa no carro foi como mais uma daquelas tantas no msn, gostosa, fácil, solta, agradável, empolgante. Só que muito melhor porque alí eu podia ficar olhando pra ela, ver seus movimentos, ver como a boca se movia quando ela falava, as feições do rosto, ouvir a voz. Já falei que ela era encantadora? Quando o sol começou a nascer o menino estava entregue ao sono, fiquei com pena do zumbi no banco de trás e perguntei para a linda menina ao meu lado se ela me acompanharia se eu o levasse até a casa dele com a proposta de irmos tomar um café depois. Tá aí uma das muitas coisas em comum, adoramos café.

- ♀
Super diálogos ativar!
Enquanto isso na sala da casa da turma...

diz: sabe a rodinha q eu falei q tava estranha? entao, ela nao funciona mesmo! nao fui eu que quebrei, juro!
♂ diz: @#$%&@! tu quebrou o a rodinha! sai por ai girando a rodinha e ainda quebra!
diz: nem vem! tu que trata sabe-se la como da sua rodinha e depois vem culpar os outros!
♂ diz: eu cuido bem da rodinha! ela sempre funciona comigo!
diz: a desse mouse?! serio? eu ja vi que ela tava muito solta aih!
♂ diz: ah ta falando de mouse? Ahnn...


-♂
Já tinham se passado mais de 10 dias desde que nos conhecemos e ainda não tínhamos nos reencontrado. Eu estava ficando doente de vontade de vê-la. A exatamente um ano atrás era terça-feira, o dia mais aleatório do mundo para combinar de sair mas eu estava desesperada para ver a tal moça. Consegui, praticamente a socos, convencer um casal de meninos amigos meus a me acompanhar ao bar onde nos conhecemos e convidei ela para ir também. No processo de encontrar companhia para mim ela deu pra trás. O dia realmente não era muito bom. Mas aí eu já estava com os meninos no carro e fomos mesmo assim. A bateria do meu celular morreu no caminho, estar incomunicável estava me deixando louca. Vai que ela mudasse de idéia, sei lá! Pedi uma tomada emprestada para o moço do estacionamento e sentei lá enquanto o celular juntava carga o suficiente para permanecer ligado por mais alguns minutos. Nisso chega uma mensagem dela dizendo que estava comendo e me ofereceu um pouco. “Quer?” dizia a mensagem. Respondi “Não, quero você aqui”.

Entramos e o bar estava meio vazio, chato, monótono. Não teve santo que me animasse e até os meninos estavam de saco cheio. Aguentamos o máximo que pudemos e resolvemos ir para casa dormir que ganharíamos mais. Eu já tinha entregue minha comanda para a moça do caixa e estava com o dinheiro na mão quando alguém chamou minha atenção. Era ela. Ela tinha conseguido encontrar um amigo disposto a sair de última hora e acompanhar ela. Minha mensagem tinha funcionado.

Praticamente arranquei minha comanda da mão da mocinha e enfiei meu dinheiro de volta no bolso. Ela estar ali era o sinal que eu precisava, era o começo de algo grande, não restavam dúvidas. Ela queria me ver tanto quanto eu queria ver ela.

Lembro que pensei “nossa, como ela fica alta de salto!”. Foi uma noite meio tímida, que não foi até muito tarde por que era meio da semana e o bar fechava cedo. Eu estava nervosa, não queria fazer nada de errado. Ela conseguia mesmo me deixar muito nervosa. Nos despedimos com um beijo no rosto na frente dos amigos.

- ♀
Hoje fazemos uma pausa na série de posts em comemoração ao aniversário da minha história com a Namorada para fazermos propaganda gratuita. Como, felizmente, o blog recebe mais visitas do que o número dos nossos seguidores no Twitter, me vejo na obrigação dar os devidos créditos publicitários aqui também.

Eis que a Camiseteria sempre faz boas promoções em datas comemorativas. Para o dia dos namorados não seria diferente. Vamos aos fatos pelo ponto de vista do Twitter:

@Camiseteria escreveu: Dia dos Namorados Camiseteria:Compre uma masculina e ganhe 60% de desconto na feminina + frete grátis

Depois disso devem ter chovido reclamações de que isso excluia uma parte dos namorados brasileiros: Aqueles que namoram pessoas que usam o mesmo modelo de camiseta do que eles próprios. A Turma não ficou de fora e registrou o seu sentimento de abandono:

@turmadocolore escreveu: Essa promoção de dia dos namorados de vocês não é meio homofóbica não? E nós? Ficamos sem desconto? =(

A resposta veio do co-fundador do Camiseteria.com:

@fseixas escreveu para @turmadocolore: Cremos que não. Apenas focamos o maior público. Mas dia 28/6 também vai ter promoção. :)
(dia 28 de junho é dia do orgulho gay)

Tudo bem, continuei me sentindo meio deixada de lado mas não se pode querer tudo nessa vida né... Eis que, menos de uma hora depois:

@Camiseteria escreveu: Pra esclarecer: mudaremos a promo. Vamos dar 60% de desconto na segunda camiseta comprada, independente do modelo ser masculino ou feminino.
e
Pronto, gente. Promoção alterada já no ar. 60% de desconto na segunda camiseta, independente do modelo. http://migre.me/1oSd :)

EEEeeeEEEEeeEEeee!! Yupiiii!!! Milhões de moedinhas do Mario para a Camiseteria!!!

Me senti em um mundo mais justo depois dessa sabem? Onde todo mundo é considerado igual e tem os mesmos direitos. Imaginem se o pessoal que faz as nossas leis fosse como o pessoal da Camiseteria. Nós poderíamos nos casar, adotar crianças, usufruir de benefícios matrimoniais comuns a todos, seriamos respeitados e reconhecidos. Seria lindo.

Por isso estou aqui, fazendo propaganda e pagando o maior pau mesmo. Usufruam da promoção! Se você é solteiro, aproveite mesmo assim e se presenteie com duas camisetas logo de uma vez! Eu sou a feliz dona de duas camisetas da Camiseteria e posso atestar que o atendimento é ótimo, a entrega é rápida e o produto é de excelente qualidade. Só fica a dica: Use a tabela de medidas que eles dispõem e compare os tamanhos das camisetas deles com alguma sua para ter certeza que vai servir direitinho.

Boas compras!

- ♀

Aquela menina não me saia da cabeça. Mesmo com a ressaca pesada enfrentada no dia seguinte eu só pensava nela. Eu não resisti, logo adicionei ela no Orkut e em seguida no msn. Passei a semana seguinte fora da cidade, visitando a família. Conversamos por horas todos os dias. Eu esperava ansiosamente até ela ficar online. Descobri que tínhamos muito em comum. Estávamos as duas fora do armário para a família, o que era ótimo, e as conversas fluíam muito bem. Ela era encantadora. Eu adorei aquele clima de descobrir mais sobre ela, de indiretas bastante diretas e de conquista. A semana demorou muito a passar até que eu voltasse para a cidade onde moramos. Ela já tinha me ganhado.

- ♀
Faz exatamente um ano hoje que eu conheci a Namorada.
Eu já estava ansiosa para conhece-la a algum tempo. A Namorada era uma amiga distante da minha melhor amiga da faculdade, doravante vamos chamar essa amiga de Anita.

Anita suspeitava que essa amiga jogasse para o mesmo time que eu, se é que vocês entendem, mas não tinha nenhuma prova concreta para essa suspeita. Eu estava empolgada para ajudar a Anita a descobrir se ela estava certa ou não. Fora isso, Anita já tinha mencionado essa amiga várias vezes nos últimos anos, dizendo que nós devíamos nos conhecer porque nos daríamos bem. Por algum motivo abstrato qualquer eu já tinha certeza de que ela estava certa, nós nos daríamos muito bem mesmo que ela não fosse da turma do colorê after all.
O destino resolveu esperar até que nós duas estivéssemos convenientemente solteiras e desimpedidas para programar esse encontro.

Naquela noite de sexta-feira elas haviam combinado de se encontrar em um barzinho que todos conhecíamos, Anita levaria seus amigos e Namorada os dela. Lembro perfeitamente de estar caminhando com Anita na faculdade enquanto ela confirmava pelo celular que a Namorada iria mesmo. Dei pulinhos, literalmente pulinhos, animados quando ela disse que sua amiga iria. Eu sabia que conhecer ela seria uma coisa importante.

Quando chegamos no bar ela e seus amigos já estavam lá, apresentações feitas eu fiquei menos animada. Namorada não parecia nada gay. Era feminina, cabelos compridos, delicada, e linda, muito linda. Não que lésbicas não possam ter todas essas características, mas eu pensei que seria simplesmente muito bom pra ser verdade. Além disso, Namorada estava com uma amiga que fez meu gaydar disparar. Pensei que se por ventura ela fosse mesmo lésbica, aquela seria sua namorada, não restava alternativa pra mim. Mesmo assim eu tentei ficar perto dela, lembro-me de ter sentado estrategicamente ao seu lado na hora das tequilas, as primeiras de muitas ingeridas pela galera. Lá pelas tantas da noite, não sei porque raios a Anita resolveu falar para a Namorada que eu estaria interessada na amiga dela. Tento até hoje descobrir de onde ela tirou essa calúnia. Acho que ela pensou, assim como eu, que Namorada era mesmo hétero.

Depois de algumas tequilas nós transferimos a festinha para o apartamento de um amigo da Namorada. Lá bebemos mais, conversamos, rimos, mas era um grupo grande e eu não tive coragem de me aproximar mais daquela menina tão bonita. O máximo que fiz foi mais uma vez ficar estrategicamente ao lado dela enquanto o pessoal conversava na sacada. Mesmo assim parece que eu perdi a hora que ela admitiu para a Anita que gostava de meninas. Acho que estava todo mundo muito bêbado para entender. Ao amanhecer o pessoal resolveu rumar para suas casas. Não sei como me deixaram dirigir depois de beber tanto.

- ♀
Inspirados por uma lista feita pelo Christian Pior no Ovulando, a Pós Adolescente do DUPA e nós da Turma resolvemos criar a lista das 10 dicas sutis para você dizer aos seus pais, aos poucos, que você gosta mesmo é de mulher. Seguindo a prévia liberada no DUPA (vá até lá para a primeira dica), aqui vai a lista:

2) Acompanhe todos os jogos dos campeonatos estaduais de futebol, Copa do Brasil, Libertadores, Brasileirão, Copa São Paulo de Futebol Júnior... o que for! Tenha um time em cada série do Campeonato Brasileiro e seja fanática. Tenha camisetas oficiais, de treino, de goleiro e agasalhos. Saiba quem é o técnico do Alecrim Futebol Clube, a escalação completa do XV de Jaú de 1976 e o ano dos lendários títulos do Ypiranga no Campeonato Amapaense. Aconselhe seu pai a assinar o Pay-per-view para não perder nada.

3) Quando lhe pergutarem sobre quais são suas pretensões profissionais responda que seu sonho é ter sua própria loja de armas, facas, material de pesca e acampamento. Complete dizendo que é um mercado em ascensão uma vez que une duas tendências atuais: o medo causado pela total insegurança das grandes metrópoles e a busca do homem pelo contato com a natureza.

4) Aprenda a trocar as lâmpadas, desentupir pias, retocar o reboco e a pintura da parede. Suba no telhado para trocar telhas quebradas, consertar goteiras e ajustar a antena. Vire mestre na arte de usar a furadeira para pendurar os quadros que sua mãe borda em ponto cruz. Seja a responsável por trocar os pneus e checar o nível do óleo dos carros da família. Corte a grama e apare os galhos das árvores do jardim. Diga que está apenas sendo útil em casa e ajudando a dividir as tarefas do seu pai cansado. Mas, lembre-se: lavar a louça, arrumar as camas, lavar e passar as roupas, tarefas culinárias ou cuidar da hortinha do quintal nem pensar! Seu irmãozinho que lide com isso!

5) Agradeça a oferta de sapatos da Carmen Steffens que sua mãe lhe fez e diga que prefere usar esse dinheiro para comprar 5 pares de All Star, das mais diversas cores. Argumente que o salto causa dores nos seus joelhos previamente machucados naquela aula de artes marciais na qual você se matriculou.

6) Deixe de assistir Gossip Girl e passe para The L Word, troque a Oprah pela Ellen Degeneres. Durante Caminho das Índias comente com saudosismo que novelas boas mesmo foram Mulheres Apaixonadas e Senhora do Destino. Rafa, Clara, Jenifer e Eleonora é que eram personagens bem escritas. Argumente com sua mãe que, pela manhã, é muito mais interessante trocar a Ana Maria Braga na Globo pela Ana Hickmann na Record, depois diga apenas que é porque a receita do Edu Guedes é muito mais "gostosa".

7) Conquiste o direito de ter uma cama de casal no seu quarto. Imediatamente depois disso passe a convidar sua "melhor amiga" para dormir na sua casa três vezes por semana, com a porta do quarto trancada. Convença seus pais de que tomar banho juntas é normal também.

8) Mantenha suas unhas sempre bem curtas. Tenha sempre uma lixa de unhas por perto. Quando afrontada com perguntas sobre os motivos para você não deixar as unhas crescerem diga que é norma das aulas de artes marcias, onde você agora já é faixa preta.

9) Tenha muitos amigos próximos do sexo masculino. Quando perguntaram com qual deles você anda de namorico responda sorrindo alegremente "Imagina! São todos gays! Você não percebeu não?"

10) Converse por msn, áudio e/ou vídeo com amigas e/ou pretendentes sapas. Se perguntarem de onde surge tanto papo ou tantas risadas até altas horas da noite diga apenas que é uma amiga que estudou contigo a anos atrás e que agora mora longe e por isso tanto contato. Além disso, crie um blog colorido e faça amizade com outras blogueiras que seguem o mesmo estilo.

Pronto! Comece agora mesmo a colocar seus pézinhos para fora do armário e seja feliz!





Usarei o dia das mães como pretexto para falar da minha, e de como contei que sua única filha gosta de meninas.

Por parte de mamãe, sou filha única. E ela me foi mamãe e papai tudo junto, diz que eu fui produção independente. Ela queria ter filhos, não achou um homem digno de casamento, e cá estou eu. Psicólogos, psicanalistas e sabe-tudos de plantão: Sintam-se livres para fazer ligações entre isso e o fato de eu ser lésbica, eu não ligo, acho toda e qualquer forma de explicar o tal fato uma besteira mesmo. Sou porque sou, porque mulher é bom! E pronto.

Voltando... Mamãe foi uma mamãe perfeita. Me educou bem, me deu oportunidades, sempre me apoiou. Me levou para viajar, conhecer o Brasil com ela, me deixou sair das fronteiras e me aventurar pelo mundo. Fez minhas vontades, cedeu aos meus caprichos, mas nunca deixou de me ensinar os limites que a vida impõe. Me ensinou a valorizar tudo o que eu tenho e a buscar as coisas por mim mesma. Sempre fomos só eu e ela em casa, então somos muito próximas. Aos 17 fui fazer faculdade em outra cidade, antes disso já tinha passado um ano morando fora. Mas o nosso cordão umbilical é bastante elástico.

Depois de dois anos na faculdade veio a primeira namorada. Aí comecei a me sentir muito mal por não poder falar disso para minha mãe, passou a ser uma parte muito grande da minha vida. Se nós nos dávamos tão bem, por que ficar no armário para a minha mãe? Por que agora ela haveria de parar de me apoiar em tudo? Contei.

Contei pelo telefone, chorando horrores, enquanto na casa da então namorada. Não escolhi contar pelo telefone, aconteceu, posso contar a história em outra ocasião (se vocês quiserem). Mamãe disse que não sentia mais orgulho de mim, que não queria me ver por um tempo, que estava muito decepcionada e tudo e tal, mas terminou o telefonema dizendo que me amaria mesmo assim. Isso me deixou mais tranquila. Mesmo assim as semanas seguintes passaram sem muito contato e quando nos falávamos percebia que ela estava muito triste, desanimada, tive medo de que entrasse em depressão. Como uma tentativa desesperada de fazer ela parar de se sentir mal por ter uma filha lésbica eu apelei. Comprei o livro “Papai, mamãe, sou gay!”, escrevi uma carta e coloquei dentro, fiz um pacotinho e enviei pelo correio.

Ela disse que demorou uns dias para conseguir começar a ler depois que o livro chegou mas que quando o fez tudo melhorou. Logo depois ela voltou a me procurar, demonstrou estar tranquila, confortável com os fatos e de volta ao normal. Voltou a falar em vir morar comigo (coisa que fez depois, quando se aposentou) e veio me visitar. Conversamos pessoalmente, ela me assegurou que havia me aceitado, que estávamos bem, que ela me amava e que seu único medo era que eu fosse infeliz pelos obstáculos que a sociedade poderia impor. Expliquei que infeliz eu seria se me escondesse, se mentisse para mim mesma, se ficasse sem amar por medo de amar uma mulher. Ela chegou a brincar dizendo que nunca sentiu atração por mulheres mas que, como não foi feliz com os homens, quem sabe até teria sido melhor se ela tivesse sentido.

Minha mãe logo conheceu minha então namorada, cuja mãe não sabia oficialmente da sexualidade da filha mas dava todos os sinais de desaprovação possíveis, e conversou com ela sobre isso. Hoje ela mora aqui comigo, conhece a Namorada, conheceu até a mãe da Namorada. Trata meu relacionamento como tratou o meu único namorico com um garoto, ou seja, com a maior naturalidade.

Conclusão: Minha mãe é incrível, tenho muita sorte por tê-la. Sei que são poucas as meninas lésbicas que tem essa sorte. Sei a bênção que isso é e por isso que eu digo, minha mamãe é a melhor do mundo! Podem competir com ela se quiserem, dizendo que as suas são melhores, eu não vou me deixar levar. Mesmo assim, feliz dia das mães para a minha, para as suas, e para todas as mamães do mundo!

- ♀

Score!

terça-feira, maio 05, 2009 , , 3 comentários

No msn:

[22:55:49] ♀ diz:
Me diz, como foi o dia?
[22:58:26] Namorada diz:
Também pensei em ti ^^
[22:58:45] ♀ diz:
Óoooooooin =****
[22:58:52] Namorada diz:
Hihihihihi Ganhei vários pontinhos né ^^

________

Ganhou, Namorada. Várias moedinhas do Mario pra você!

- ♀