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Converted by Falcon Hive

Post adaptado de praticamente um monólogo no meio de uma conversa de MSN com a Amiga Desenhista (única pessoa não-digital que me entende).

O amor não existe, é uma coisa idiota inventada pelos poetas de outrora pra venderem poesia. Que foi adotada por pessoas gananciosas como Shakespeare pra vender peças de teatro. Hoje em dia é mantida por idiotas preocupados em vender filmes, musicas, livros e presentes de Dia dos Namorados, lucrar com cerimonias de casamento, luas de mel, e, posteriormente, processos de separação. Só isso.

Mas eu super caí na pegadinha. Era inocente demais.

Agora a meta é me conformar e optar entre viver solteira e rancorosa ou settle for less, aceitar algo conveniente e chamar de amor para ser bem visto pela sociedade. Ou ainda virar uma canalha cuja missão é quebrar os mais diversos corações para espalhar a informação real de que amor não existe.

Resumo: Love sucks and it will only get you hurt. Badly and unrecoverably.


Ps. Depois não diga que eu não avisei.
A música tava tão grudada na minha cabeça hoje que eu me obriguei a superar o medo e voltar a ouvi-la.



Engraçando como eu sempre tive a impressão que chegaria a hora em que eu me identificaria totalmente com ela. É a hora.

Esse CD todo é muito bom, por sinal. Mas ele inteiro hits too close to home right now e é difícil voltar a ouvir. Sinto saudades de poder cantá-lo no carro sem maiores problemas. The Scripts é a banda, e como tudo o que é irlandês eles são muito bons. Fica a dica.

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PS. Tá, eu sei que não tá rodando o vídeo aqui mas cliquem nele e assistam direto no Youtube mesmo, a música é boa.
PS2. Coisas irlandesas me dão uma vontade absurda de tomar uma pint the Guinness! Impressionante!

Cartas pra ninguém

sábado, abril 10, 2010 , , 2 comentários

Escrevo cartas pra ninguém. Até a pouco tempo eu escrevia cartas em momentos de ócio para uma pessoa muito especial. As cartas poderiam começar por qualquer motivo, muitas vezes até tédio. Começavam por qualquer assunto, até para comentar o clima do lugar onde eu estivesse, mas sempre acabavam por incluir uma declaração de amor, um atestado de admiração, uma afirmação de dedicação. Minhas cartas eram simples, bobas até, mas escondiam muito significado.

Agora eu não tenho mais destinatário para essas cartas que preenchem os momentos de ócio com caneta e papel a mão então escrevo para ninguém.

Isso na verdade cumpre muito bem com as funções das cartas de antes. Eu escrevo, passo meu tempo, coloco meus pensamentos no papel e ninguém me escreve de volta. Continua igual a antes. Igualzinho.

Assassino de aluguel

segunda-feira, abril 05, 2010 , , , 14 comentários

Eu tenho uma dificuldade absurda em desistir. Nunca fui uma boa perdedora.

Fico pensando incessantemente em onde foi que eu errei. Ouvi que eu não tinha errado em nada mas eu discordo, consigo pensar em várias coisas. A maioria relacionada a não saber cultivar o amor. A deixar que nós duas nos acostumássemos muito, nos acomodássemos muito. Eu deveria ter cultivado melhor o negócio absolutamente ESPECIAL que tínhamos em vez de ter deixado que tudo se tornasse banal.

Das maiores às menores coisas. Tudo tem sido lembrado.
Eu deveria ter confessado antes que na verdade eu amava quando ela me chamava de "nenem". Algum amigo que eu não lembro falou que era brega e mimimi e eu fiquei com vergonha de admitir que achava lindo. Ela nunca mais me chamou assim mas o cartão que ela escondeu na minha carteira em uma das primeiras vezes que eu viajei durante o nosso namoro onde se lê "Oi Nenem ^^ Saudade! Beijos, Namorada xD" ainda está aqui na carteira. Foi a única coisa que eu ainda não consegui guardar na caixinha das coisas do namoro. Adotamos o "Xuxu" (alguns aí devem pensar que é tão brega quanto ou pior do que Nenem, não dou a mínima) mas me arrependo imensamente por nunca termos nos chamado de Amor com mais naturalidade. Por que diabos eu tive tanta vergonha de admitir mais vezes que é isso que ela é? Meu amor.

Nessa Páscoa eu só consegui pensar em como Páscoa feliz mesmo foi aquela em que eu viajei para a casa da vovó e ela ficou com a chave do apartamento para cuidar do gato como sempre fazia. Quando eu cheguei de viagem encontrei um chocolate, uma rosa e um cartão de feliz páscoa em cima da minha cama. Me tirou o fôlego e ainda tira. Me pergunto quando foi que eu deixei de tirar o fôlego dela, ou se já cheguei a tirar.

É muito difícil aceitar que todo o amor que eu sinto vai ter que ser afogado. Me parece um desperdício sem igual.

E eu não consigo fazer sozinha, nem consigo lidar com assassinos de aluguel.

Não acaba.

quinta-feira, abril 01, 2010 , , , 4 comentários

Existe uma leitora daqui que anda se transformando em amiga. Daquelas dos áureos tempos em que os amigos trocavam correspondências. Correspondemo-nos nos sentimentos que andam nos maltratando um pouco e na certeza de que o tempo nos permitirá a felicidade futura.

Essa amiga me enviou essa crônica do Marcelo Rubens Paiva no último e-mail. Alertou que não sabia se a leitura me ajudaria ou atrapalharia e quando li o título pensei "eu não quero ler isso" mas, tendo vindo de quem veio, achei que valeria a pena. Ao terminar a leitura decidi "EU PRECISO POSTAR ISSO!".

E aqui está a primeira participação direta da Amiga por Correspondência (e o nome se encaixa mais do que simplesmente pelo formato que a nossa conversa tem) no blog.

O amor acaba?

O cara disse. Numa esquina, num domingo, depois do teatro e do silêncio, na insônia, nas sorveterias, como se lhe faltasse energia. Ele não volta? Não deixa rastro ou renasce? Na esquina em que se beijaram uma vez, lá está, na sombra apagada pela luz, na poeira suspensa, na revolta da memória inconformada. Na solidão, lá vem ele, volta, com lamento, um quase desespero, e penso nos planos perdidos, que vida sem sentido… Na insônia, o amor cai como uma tonelada de lápide, e se eu tivesse feito diferente, e se eu tivesse sido paciente, e se eu tivesse insistido, suportado, indicado, transformado, reagido, escutado, abraçado? Na sorveteria, ele volta, o amor, em lembranças. Porque aquele sabor era o preferido dela, aquela cobertura era a preferida dela, aquela sorveteria era a preferida dela, aquela esquina, aquele bairro, aquele clima, aquela lua, aquele mês, aquela temperatura, aquela raça de cachorro, aquele programa de fim de tarde e aquele horário sem planos… No elevador, quantas saudades daqueles segundos em silêncio, presos na caixa blindada, vigiados por câmeras camufladas, loucos para se agarrarem, rirem, apertarem todos os botões, tirarem a roupa, escreverem ao lado do Atlasado: “Eu te amo”. Saudades é amor. Não se tem saudades do que não se amou. O amor não acaba, porque tenho saudades, me lembro dela, me preocupo com ela, torço por ela, e se sonho com ela, meu dia está feito. O amor não pode acabar, porque sem ela ou sem a esperança de revê-la, até a chance de tê-la de volta, não vejo a paz. Ela é uma trégua na minha guerra pessoal contra a minha paixão por ela. Amá-la me faz bem. Mesmo que ela não me ame, amo amá-la. Continuei amando desde o dia em que terminou. Passei meses amando como se não tivesse acabado. Ficaria anos amando mesmo se não tivesse voltado. O amor não acaba, muda. O amor não será, é. O amor está. Foi. Nas tantas músicas que ouvimos, que dançamos colados, trilhas das noites frias em que você sentava em mim nua, enquanto os meus braços imobilizavam os seus. Amor. O não-amor é o vazio. O antiamor também é amor. Eu te amava quando você respirava no meu ouvido. Lembra do meu dedo dentro de você? Amo-te, amo-te, amo-te. Instante secreto, sua boca incha, seus olhos apertam, suas unhas me arranham e você diz: Eu te amo! O amor acabou quando você se foi? Você sentiu saudades das minhas paredes, das cores das minhas camisas, da umidade da minha boca, do cheirinho do meu travesseiro, da minha torrada com mel, das noites pelados assistindo à tevê, dos vinhos entornados no lençol, do café da manhã com jornal, você sentiu falta de atravessar a avenida comigo de mãos dadas, de correr da chuva, de eu te indicar um livro, do cinema gelado em que vimos o filme sem fim, torcendo para acabar logo e ficarmos a sós, você sentiu falta da minha risada, inconveniência, de eu ser seu amante, noivo, amigo e marido, dos meus olhos te espiando, dos meus dentes mordendo e mastigando, ficou tanto tempo longe e pensou em nós especialmente bêbada ou louca, queria me ligar, me escrever, meu cheiro aparecia de repente, meu vulto estava sempre ali, acaba? Diz que acaba. Como acaba? Não acaba. Diz, não acaba. Repete. Falei? Não acaba. Pode virar amor não correspondido. Pode ser amor com ódio, paixão com amor. Tem o amor e o nada. Ah, mais uma coisa. Antes que eu me esqueça. O amor não acaba. Vira. Se acabar, não era amor.